30/01/08
21/01/08
homenagem privada a uma Mulher pública!
Entrei em Londres
num café manhoso (não é só entre nós
que há cafés manhosos, os ingleses também,
e eles até tiveram mais coisas, agora
é só a Escócia e parte da Irlanda e aquelas
ilhotazitas, mais adiante)
Entrei em Londres
num café manhoso, pior ainda que um nosso bar
de praia (isto é só para quem não sabe
fazer uma pequena ideia do que eles por lá têm), era
mesmo muito manhoso,
não é que fosse mal intencionado, era manhoso
na nossa gíria, muito cheio de tapumes e de cozinha
suja. Muito rasca.
Claro que os meus preconceitos todos
de mulher me vieram ao de cima, porque o café
só tinha homens a comer bacon e ovos e tomate
(se fosse em Portugal era sandes de queijo),
mas pensei: Estou em Londres, estou
sozinha, quero lá saber dos homens, os ingleses
até nem se metem como os nossos,
e por aí fora...
E lá entrei no café manhoso, de árvore
de plástico ao canto.
Foi só depois de entrar que vi uma mulher
sentada a ler uma coisa qualquer. E senti-me
mais forte, não sei porquê, mas senti-me mais forte.
Era uma tribo de vinte e três homens e ela sozinha e
depois eu
Lá pedi o café, que não era nada mau
para café manhoso como aquele e o homem
que me serviu disse: There you are, love.
Apeteceu-me responder: I’m not your bloody love ou
Go to hell ou qualquer coisa assim, mas depois
pensei: Já lhes está tão entranhado
nas culturas e a intenção não era má, e também
vou-me embora daqui a pouco, tenho avião
quero lá saber
E paguei o café, que não era nada mau,
e fiquei um bocado assim a olhar à minha volta
a ver a tribo toda a comer ovos e presunto
e depois vi as horas e pensei que o táxi
estava a chegar e eu tinha que sair.
E quando me ia levantar, a mulher sorriu
Como quem diz: That’s it
e olhou assim à sua volta para o presunto
e os ovos e os homens todos a comer
e eu senti-me mais forte, não sei porquê,
mas senti-me mais forte
e pensei que afinal não interessa Londres ou nós,
que em toda a parte
as mesmas coisas são.
Ana Luísa Amaral
num café manhoso (não é só entre nós
que há cafés manhosos, os ingleses também,
e eles até tiveram mais coisas, agora
é só a Escócia e parte da Irlanda e aquelas
ilhotazitas, mais adiante)
Entrei em Londres
num café manhoso, pior ainda que um nosso bar
de praia (isto é só para quem não sabe
fazer uma pequena ideia do que eles por lá têm), era
mesmo muito manhoso,
não é que fosse mal intencionado, era manhoso
na nossa gíria, muito cheio de tapumes e de cozinha
suja. Muito rasca.
Claro que os meus preconceitos todos
de mulher me vieram ao de cima, porque o café
só tinha homens a comer bacon e ovos e tomate
(se fosse em Portugal era sandes de queijo),
mas pensei: Estou em Londres, estou
sozinha, quero lá saber dos homens, os ingleses
até nem se metem como os nossos,
e por aí fora...
E lá entrei no café manhoso, de árvore
de plástico ao canto.
Foi só depois de entrar que vi uma mulher
sentada a ler uma coisa qualquer. E senti-me
mais forte, não sei porquê, mas senti-me mais forte.
Era uma tribo de vinte e três homens e ela sozinha e
depois eu
Lá pedi o café, que não era nada mau
para café manhoso como aquele e o homem
que me serviu disse: There you are, love.
Apeteceu-me responder: I’m not your bloody love ou
Go to hell ou qualquer coisa assim, mas depois
pensei: Já lhes está tão entranhado
nas culturas e a intenção não era má, e também
vou-me embora daqui a pouco, tenho avião
quero lá saber
E paguei o café, que não era nada mau,
e fiquei um bocado assim a olhar à minha volta
a ver a tribo toda a comer ovos e presunto
e depois vi as horas e pensei que o táxi
estava a chegar e eu tinha que sair.
E quando me ia levantar, a mulher sorriu
Como quem diz: That’s it
e olhou assim à sua volta para o presunto
e os ovos e os homens todos a comer
e eu senti-me mais forte, não sei porquê,
mas senti-me mais forte
e pensei que afinal não interessa Londres ou nós,
que em toda a parte
as mesmas coisas são.
Ana Luísa Amaral
Subscrever:
Mensagens (Atom)

passearam no meu país...
Raríssimas...sabe o que é?
A minha "mais Kika"

om
Ervilhas de cheiro
- 5 Dias
- A Invenção de Morel
- A Origem das Espécies
- A terceira noite
- Activismo de Sofá
- Agua Lisa
- Ajuda Alimentar Animal
- Almocreve das Petas
- ana de amsterdam
- Anacruses
- antonio sousa homem
- Antropocoiso
- Arco-da-Velha
- Arrastão
- Assim mesmo
- Avalon ou o novo sítio do Jorge C.
- Avatares de um Desejo
- Avenida Central
- Aventar
- Barreira de Contacto
- Branco no Branco
- Caixa Geral de Despojos
- Caminhos da Memória
- Ciberescritas
- Cite &Pense
- Ciência Hoje-FCG
- Clube Literário do Porto
- coisas do Gomes
- Complexidade e Contradição
- Cyberdemocracia
- Da Literatura
- De Rerum Natura
- Der Terrorist
- Desculpe Qualquer Coisinha
- Dionísio
- dos livros e outras histórias
- Dr.Maybe
- Dúvidas Linguísticas
- Entre as Brumas da Memória
- Entre deus e o diabo
- Estado Civil
- f-se
- Fantasias
- Fernando Nobre
- Fishspeaker
- Folhas da Gaveta
- Funes, el memorioso
- Gabriela Stanchina
- Ganda Chatice....
- Gato Fedorento
- Gattopardo
- Glória Fácil...
- Gonçalo M.Tavares
- Governo Sombra
- Há Vida em Marta
- Irmão Lúcia
- Isto diz-me respeito
- Jacarandá
- Jaime Roriz
- Janelas do Mouro da Linha
- Jugular
- Lauro António
- LER
- Lumife
- Marta Bernardes- a voz
- mazinha
- Miguel Vale de Almeida
- Murcon
- Nuno Markl
- O Caderno de Saramago
- O mundo Perfeito
- O Mundo tem inscrições sempre abertas
- O Sol existe-Iza
- OP
- Os livros ardem mal
- País Relativo
- Pedra Fria
- Perplexidades
- Pobre e mal agradecido
- Potlach
- Professor Goulão
- Psiadolescentes
- Psic
- Quintas de Leitura
- Renas e Veados
- Respirar o mesmo ar
- Ritti
- Rua da Judiaria
- Rui Zink
- Salpicos
- Sem Muros
- Serendipity
- Sinusite Crónica
- Stanza Oscura
- Síndrome de Estocolmo
- Telégrafo de Hermes
- Tempo Contado
- Teor da Pele
- Troblogdita
- Uma certa enciclopédia chinesa
- UMAR
- valter hugo mãe
- We Have Kaos in the Garden
- WOAB
- Womenageatrois




www.endviolenceagainstwomen.org.uk