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A verdadeira mão que o poeta estende
não tem dedos:
é um gesto que se perde
no próprio acto de dar-se
O poeta desaparece
na verdade da sua ausência
dissolve-se no biombo da escrita
O poema é
a única
a verdadeira mão que o poeta estende
E quando o poema é bom
não te aperta a mão:
aperta-te a garganta
Ana Hatherly in O Pavão Negro, 2003
desenho de Antonio Saura
1 comentário:
O poeta não existe, morreu.
Foi atingido pela tristeza crónica e prolongada, abandonado pela poesia que lhe fugiu das veias e se esgotou por mais jovens perspectivas de criação.
Virtualmente, viveu sem construir e vegetou onde quer que se sonhe, sem a imaginação para conseguir realizar.
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