30/06/07
Dos contributos para a Felicidade 1
Já reconhecemos em geral que aquilo que somos contribui muito mais para a felicidade do que aquilo que temos ou representamos. Importa saber o que alguém é e, por conseguinte, o que tem em si mesmo, pois a sua individualidade acompanha-o sempre e por toda a parte, e tinge cada uma das suas vivências. Em todas as coisas e ocasiões, o indivíduo frui, em primeiro lugar, apenas a si mesmo. Isso já vale para os deleites físicos e muito mais para os intelectuais. Por isso, a expressão inglesa to enjoy one's self é bastante acertada; com ela, dizemos, por exemplo, he enjoys himself at Paris, portanto, não «ele frui Paris», mas «ele frui a si em Paris». Entretanto, se a individualidade é de má qualidade, então todos os deleites são como vinhos deliciosos numa boca impregnada de fel.
Assim, tanto no bem quanto no mal, excluindo os casos graves de infelicidade, importa menos saber o que ocorre e sucede a alguém na vida, do que a maneira como ele o sente, portanto, o tipo e o grau da sua susceptibilidade sob todos os aspectos. O que alguém é e tem em si mesmo, ou seja, a personalidade e o seu valor, é o único contributo imediato para a sua felicidade e para o seu bem-estar. Tudo o resto é mediato.
Por conseguinte, o seu efeito pode ser dirimido, mas o da personalidade, nunca. Por isso, a inveja mais irreconciliável, e que, ao mesmo tempo, é dissimulada do modo mais cuidadoso possível, é aquela dirigida contra os méritos pessoais. Ademais, só a qualidade da consciência é permanente e constante, e a individualidade faz efeito de forma contínua e duradoura, mais ou menos a cada instante. Tudo o resto, pelo contrário, faz efeito apenas de modo temporário, ocasional e passageiro, além de ser submetido a mudanças e vaiações. Por isso, Aristóteles diz: A natureza é perene, não o dinheiro. Nisso se baseia o facto de suportarmos com mais resignação uma infelicidade que nos chega inteiramente do exterior do que uma cuja culpa caiba a nós mesmos. Pois a sorte pode mudar, mas a própria índole, nunca. Portanto, os bens subjectivos, tais como um carácter nobre, uma mente capaz, um temperamento feliz, um ânimo jovial e um corpo bem constituído e completamente saudável - logo, de modo geral, a mente sadia em corpo sadio (Juvenal) - são o que há de primário e mais importante para a nossa felicidade; por isso, deveríamos estar muito mais aplicados na sua promoção e conservação do que na posse de bens e honra exteriores.
Arthur Schopenhauer, in "Aforismos para a Sabedoria de Vida"
29/06/07
dos Sentimentos e da Poesia
tão curto o nosso encontro
quisera eterno o nosso abraço
p'ra poder amor
dizer-te tanto
in Jorge Casimiro-"múrmurios ventos"
27/06/07
A simplicidade dos Afetos
Se a vida é curta ou longa
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que acaricia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não
seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira,
e pura... enquanto durar...
Cora Coralina( poetisa brasileira , nascida em Góias)
gentilmente roubado!
26/06/07
24/06/07
da Felicidade e da Solidão (ou como é bom não ser Deus)
Estaria só, seria miserável.
Não posso acreditar que aquele que não precisa de nada possa amar alguma coisa: não acredito que aquele que não ama nada se possa sentir feliz. "
Jean-Jacques Rousseau, in "Emílio"
23/06/07
dos Sentimentos e da Poesia
Eu sei, não te conheço, mas existes.
Por isso os deuses não existem,
a solidão não existe
e apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito.
(...)
Eu sei, não digas nada, deixa-me inventar-te.
Não é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos sobre
a tua nudez
como uma somba no deserto.
É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti,
porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.
É apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira
de habitares
em todas as palavras do meu canto.
Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
Tenho feito amor de muitas maneiras
docemente.
lentamente.
desesperadamente,
à tua procura, sempre à tua procura
até me dar conta que estás em mim, que é em mim que devo
procurar-te
e tu apenas existes porque eu existo
e eu não estou só contigo
mas é contigo que eu quero ficar só
poque é a ti
que eu amo.
in Joaquim Pessoa "125 poemas-Antologia Poética"
22/06/07
21/06/07
dos Sentidos e da Vida
são dois pares e meio de asas.
- Como quereis o equilíbrio?
David Mourão Ferreira
19/06/07
...SE...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Mendiga
Florbela Espanca
18/06/07
17/06/07
do Sonho e da Realidade
Se eu pudesse partir , partia
e ficaria e não lamentaria
nem um dia!
ter alcançado harmonia
nesse belo mar na calmaria.
Recife- Brasil
e viva o Náutico
16/06/07
da Surpresa e do Agrado
No íncio de criação deste bloguezito publiquei em dedicatória a uma amiga virtual , um poema italiano de uma poetisa chamada Gabriella Stanchina.
Tudo bem , até aqui!
Foi engraçado traduzi-lo a quatro mãos e o resultado não foi mau de todo.
No entanto, apesar de parecer que o tempo é uma lacuna da vida, há uns mesitos recebi um e-mail de Trento, na Itália e li-o com alguma avidez.
Dizia o mail:
sono l'autrice di "Ritorno". E' stata una grande
emozione per me trovare la mia poesia in un blog in portoghese e mi
dispiace tanto di non avere ancora studiato la vostra bellissima
lingua. Se mi fai sapere il tuo indirizzo, ti mando volentieri il mio
libro di poesie. Se lo desideri, ne trovi altre sul mio sito
rosadigerico.it
Un caro saluto
Gabriella Stanchina"
Fiquei surpresa, não atónita. A Gabriella prometia-me o envio do seu livro por correio e eu prontifiquei-me, cheia de vaidade, a recebê-lo(ainda mais autografado!).
Os meses passaram ,os dias cresceram e eu por vezes considerei a hipótese de algum engraçadinho, com conhecimentos suficientes de informática, se ter feito passar pela "autrice" e neste momento se estar ainda a rir, com razão, da minha ingenuidade.
Mas, há sempre um mas, hoje o correio tocou cá na mansão. Carta registada com aviso de recepção!
Pensei:Faculdade! ou Finanças? Bem, abri a porta, assinei e soltei o AH! mais sonoro que possam imaginar!
Não é que recebi um postal lindísimo que diz " La bellezza della natura la puoi trovare sempre in un sorriso amico"! e a acompanhar 2 livros : um de poesia "il libro della scala a spirale" e outro de contos "Ufficio Mondi Samrriti".
Aqui fica a prova de que a blogoesfera pode ser um meio fabuloso de trocas culturais, sociais e de amizade sincera.
Em tempo oportuno ( e depois de comprar um bom dicionário de italiano) farei uma pequena homenagen a esta escritora, doutorada em Filosofia pela Universidade Católica de Milão e de uma simplicidade, que só não é espartana, porque produz e gosta que outros consumam o seu produto.
Bela Gabriella Stanchina , grazie, grazie , grazie!
15/06/07
14/06/07
dos Sentimentos e da Poesia
mas sei que continuarei vivo no epicentro das flores
no abdómen ensanguentado doutros-corpos-meus
na concha húmida de tua boca em cima dos números mágicos
anunciando o ciclo das águas e o estado do tempo
a memória dos dias resiste no olhar dum retrato
continuo só
e sinto o peso do sorriso que não me cabe no rosto
improviso um voo de alma sem rumo mas nada me consola
é imprevista a metereologia das paixões
pássaros minerais afastam-se suspensos
vislumbro um corpo de chuva cintilando na areia
até que tudo se perde na sobra da noite...além
junto à salgada pele de longínquos ventos
in Al Berto -"O Medo"
Bom dia Al Berto!
aconselho visita ao blog A origem das espécies de FJV
13/06/07
a um Minhoto
MEMÓRIA
Ora isto, Senhores, deu-se em Trás-os-Montes,
Em terras de Borba, com torres e pontes.
Português antigo, do tempo da guerra,
Levou-o o Destino pra longe da terra.
Passaram os anos, a Borba voltou,
Que linda menina que, um dia, encontrou!
Que lindas fidalgas e que olhos castanhos!
E, um dia, na Igreja correram os banhos.
Mais tarde, debaixo dum signo mofino,
Pela lua-nova, nasceu um menino.
Ó mães dos Poetas! sorrindo em seu quarto,
Que são virgens antes e depois do parto!
Num berço de prata, dormia deitado,
Três moiras vieram dizer-lhe o seu fado
(E abria o menino seus olhos tão doces):
«Serás um Príncipe! mas antes... não fosses.»
Sucede, no entanto, que o Outono veio
E, um dia, ela resolve ir dar um passeio.
Calçou as sandálias, tocou-se de flores,
Vestiu-se de Nossa Senhora das Senhoras:
«Vou ali adiante, à Cova, em berlinda,
António e já volto...» E não voltou ainda!
Vai o Esposo, vendo que ela não voltava,
Vaí lá ter com ela, por lá se quedava.
Ó homem egrégio! de estirpe divina,
De alma de bronze e coração de menina!
Em vão corri mundos, não vos encontrei
Por vales que fora, por eles voltei.
E assim se criou um anjo, o Diabo, a lua;
Ai corre o seu fado! a culpa não é sua!
Sempre é agradável ter um filho Virgílio,
Ouvi estes carmes que eu compus no exílio,
Ouvi-os vós todos, meus bons Portugueses!
Pelo cair das folhas, o melhor dos meses,
Mas, tende cautela, não vos faça mal...
Que é o livro mais triste que há em Portugal!
António Nobre
12/06/07
Projectar o impossível é torná-lo possível?
Projecto de arquitectura
(de Marta Bernardes):
Uma ilha que é toda ela um lago.
10/06/07
04/06/07
Do Amor e da Poesia
Espantado meu olhar com teus cabelos |
01/06/07
Dos Portugueses e Escritores 2
E vamos continuar fechados pelo simples motivo de não abrirmos quando é obrigatório...
passearam no meu país...
Raríssimas...sabe o que é?
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