31/07/07
30/07/07
29/07/07
27/07/07
26/07/07
Epígrafe
A sala do castelo é deserta e espelhada.
Tenho medo de Mim. Quem sou? De onde cheguei?...
Aqui, tudo já foi... Em sombra estilizada,
A cor morreu --- e até o ar é uma ruína...
Vem de Outro tempo a luz que me ilumina ---
Um som opaco me dilui em Rei...
Mário de Sá-Carneiro
24/07/07
da Verdade dos Outros
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.
Você não só não esquece a outra como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que não te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importantes para alguém mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...um dia descobrimos que apesar de viver quase 100 anos, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.
Mário Quintana
da Dor (es) mal Divididas
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Se eu pudesse escolher escolhia morrer sem sentir nada.
Gostava muito de adormecer e acordar morta ou então simplesmente desvanecer como um sopro , rápido, volátil, num instante muito curto e imperceptível e depois o meu corpo cair oco no chão e todo o som, aquele ribombar do tombo, fazer eco , altíssimo na minha cabeça e em todo o espaço.
Se eu pudesse escolher, escolhia .
Morrer......dos Projectos Adiados sine die
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes in Soneto da Separaçãodos Sentimentos e da Poesia
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Alberto Caeiro Pintura de Almada Negreiros |
23/07/07
22/07/07
...do(s) Sentido(s) da Vida
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Há pessoas que transformam o Sol numa pequena mancha amarela,
mas há outras que conseguem transformar uma pequena mancha amarela
no SOL!
Pablo Picasso
21/07/07
19/07/07
...do Elogio Fácil!
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
A maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir mais agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A via enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de não se ter ninguém e ter em cada homem um parente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamente
de perder a cabeça mas serenamente
de tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
É sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
Se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente
Ruy Belo in Transporte no Tempo
18/07/07
...da Vida (2)
não posso
ainda que o grito sufoque na garaganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
António Ramos Rosa in "Antologia Poética"
da Vida (1)
Franz Kafka
17/07/07
...dos Projectos Adiados
"Se eu morrer de manhã
abre a janela devagar
e olha com rigor o dia que não tenho.
Não me lamentes. Eu não me entristeço:
ter tido a morte é mais do que mereço
se nem conheço a noite de que venho.
Deixa entrar pela casa um pouco de ar
e um pedaço de céu
- o único que sei.
Talvez um pássaro me estenda a asa
que não saber voar
foi sempre a minha lei.
Não busques o meu hálito no espelho.
Não chames o meu nome que eu não venho
e do mistério nada te direi.
Diz que não estou se alguém bater à porta.
Deixa que eu faça o meu papel de morta
pois não estar é da morte quanto sei."
Rosa Lobato Faria
15/07/07
dos Sentimentos e da Poesia
Construí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei.
Sophia de Mello Breyner Andresen in "Dual"
14/07/07
13/07/07
Da simplicidade dos Afetos(outros)
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito à força numa procura
Fugir as armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu caçador de mim
12/07/07
A Pablo Neruda
Amor, cuántos caminos hasta llegar a un beso,
qué soledad errante hasta tu compañía!
Siguen los trenes solos rodando con la lluvia.
En Taltal no amanece aún la primavera.
Pero tú y yo, amor mío, estamos juntos,
juntos desde la ropa a las raíces,
juntos de otoño, de agua, de caderas,
hasta ser sólo tú, sólo yo juntos.
Pensar que costó tantas piedras que lleva el río,
la desembocadura del agua de Boroa,
pensar que separados por trenes y naciones
tú y yo teníamos que simplemente amarnos,
con todos confundidos, con hombres y mujeres,
con la tierra que implanta y educa los claveles.
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11/07/07
Para ti , Querida!
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei ás romãs a cor do lume.
Eugénio de Andrade
08/07/07
dos Sentimentos e da Poesia
mas sei que continuarei viva no epicentro das flores
no abdómen ensanguentado doutros-corpos-meus
na concha húmida de tua boca em cima de números mágicos
anunciando o ciclo das águas e o estado do tempo
a memória dos dias resiste no olhar de um retrato
continuo só
e sinto o peso do sorriso que não cabe no rosto
improviso um voo de alma sem rumo, mas nada me consola
é imprevista a meteorologia das paixões
pássaros minerais afastam-se suspensos
vislumbro um corpo de chuva cintilando na areia
até que tudo se perde na sombra da noite...além
junto à salgada pele de longínquos ventos.
adaptado de "Doze moradas de silêncio" de Al Berto
07/07/07
06/07/07
do Prazer e do Desejo
O único prazer um pouco durável é o prazer não realizado, ou desejo."
G.Le Bon
( psicólogo francês e o grande impulsionador da Psicologia de Massas)
05/07/07
04/07/07
03/07/07
01/07/07
dos Outros Escritores em português
relaciona com aquela tarde inesquecível. Debaixo das cobertas quentes
como que tornou a sentir de novo as carícias reveladoras de Salu.
Já não há mais lugar para remorsos, para escrúpulos, para cuidados.
Porque ela conhece o gozo misterioso de cuja existência sabia por intuição.
Agora Chinita só pode desejar a repetição daquele instante agitado e bom.
A tira de sol que entra pela fresta da janela se estende até a cama.
A manhã deve estar linda. Chinita toca a campainha. A criada aparece.
Ela pede:
- Chocolate.
A criada torna a sair. Chinita se espreguiça. Um bocejo cantado.
Outra vez é Joan Crawford. O seu mundo do cinema renasce.
O resto, que importa?
Salu já lhe fez a grande revelação. E ela tem a impressão de ouvir as suas
palavras: A vida é curta, a gente morre mesmo. Por que não aproveitar?
Deixa de bobagem!
E a vida acaba mesmo.
Chinita fica pensando em Salu. Quando será que vai vê-lo de novo?
Se fossem casados... Mas não. Casamento é tolice.
Primeiros meses, aquela fúria - como ele explicou.
Depois - aborrecimento, frieza. Tudo fica visto, igual, repetido.
Ao passo que dois amantes (apesar da palavra feia - amante) podem continuar
a achar sempre no amor uma coisa gostosa, proibida, esquisita.
Os minutos passam. A criada entra com o chocolate.
- Que tal está o dia?
- Lindo.
Quando a mulata torna a sair Chinita fica pensando:
Será que ela já experimentou também aquele gozo proibido?"
in Erico Veríssimo-"Caminhos Cruzados"
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dos Sentimentos e da Poesia
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Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Maria do Rosário Pedreira-poeta
Fotografia de Nelson d´Aires
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passearam no meu país...
Raríssimas...sabe o que é?
Arquivo da ervilheira
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- A Ingmar Bergman, o Poeta da 7ª Arte
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A minha "mais Kika"
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