24/07/07

dos Sentimentos e da Poesia


Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.





Alberto Caeiro
Pintura de Almada Negreiros

Sem comentários:


passearam no meu país...

Powered By Blogger

Raríssimas...sabe o que é?

Arquivo da ervilheira

A minha "mais Kika"

A minha "mais Kika"
FEMINISTIZA_TE

Dizer Não!!!

om




www.endviolenceagainstwomen.org.uk