a todos e todas que por aqui passa um voto imenso de um Novo Ano pleno de confiança, amor(es) e solidariedade!
31/12/09
Maravilhoso 2010 com as palavras, sábias, de Agostinho da Silva
24/12/09
Do they know it's christmas? I believe so.
paz, amor, afecto(s) e dinheiro que torne decente a vida de Toda a gente.
14/12/09
04/12/09
21/11/09
17/11/09
estou baralhada
referendar? pois sim.
e não estamos numa situação( política e económica) de perder tempo a resolver problemas de igualdade.
olha se estivessemos!
a hipocrisia causa-me arrepios.
a estupidez humana desgosto. profundo.
13/11/09
10 de muitas razões para entender que esta compilação de livros é
simbólica
acéfala
controversa
anacrónica
preconceituosa
engraçada ( poucas vezes)
xenófoba
racista
sexista
e deve ser lida por todos/as que acham que é a palavra de deus.
Ah, mas a fé é irracional, não é verdade?
09/11/09
04/11/09
03/11/09
01/11/09
27/10/09
eu nunca seria capaz de o dizer melhor
Clarice Lispector
17/10/09
12/10/09
ler quem sabe e talvez, repito: talvez entender
HSF.Lusa
10/10/09
and the Nobel Price goes to
This morning, Michelle and I awoke to some surprising and humbling news. At 6 a.m., we received word that I'd been awarded the Nobel Peace Prize for 2009.To be honest, I do not feel that I deserve to be in the company of so many of the transformative figures who've been honored by this prize -- men and women who've inspired me and inspired the entire world through their courageous pursuit of peace.But I also know that throughout history the Nobel Peace Prize has not just been used to honor specific achievement; it's also been used as a means to give momentum to a set of causes.That is why I've said that I will accept this award as a call to action, a call for all nations and all peoples to confront the common challenges of the 21st century. These challenges won't all be met during my presidency, or even my lifetime. But I know these challenges can be met so long as it's recognized that they will not be met by one person or one nation alone.This award -- and the call to action that comes with it -- does not belong simply to me or my administration; it belongs to all people around the world who have fought for justice and for peace. And most of all, it belongs to you, the men and women of America, who have dared to hope and have worked so hard to make our world a little better.So today we humbly recommit to the important work that we've begun together. I'm grateful that you've stood with me thus far, and I'm honored to continue our vital work in the years to come.
Thank you,
President Barack Obama
(mail transcrito, sem tirar nem pôr)
09/10/09
29/09/09
26/09/09
quando a vida se enforma e nos deforma
Amo o mar porque não tem fim
e os vagabundos que não têm pilim
Mas pelo meio das formas e das aparências sem fundo
parecendo que amo o mundo
amo-me sobretudo a mim
Talvez venha a querer ao mar
ou vagamente a um vagabundo
talvez os ame no fundo
Mas no rodar infindo daquilo que não tem fim
quero-me principalmente a mim
Ao resto das formas e das aparências do mundo
amo só assim-assim
João Habitualmente
( poeta, psicólogo e amigo)
11/09/09
07/09/09
03/09/09
Why not?
23/08/09
22/08/09
21/08/09
15/08/09
Woodstock 1969
aqui gostava de ter estado. não tenho razões eruditas para fundamentar o porquê, mas tenho pena de nesta data ainda estar no estádio pré-operatório.
coisas, bahhh
para que não te restem dúvidas
08/08/09
e mais um Adeus...
obrigada pelos momentos de riso pueril e franco que me(nos) proporcionaste(s).
Pois, é o que o senhor quiser dar.
06/08/09
05/08/09
6 Agosto 1945 Hiroshima convém relembrar
Pensem nas crianças
23/07/09
22/07/09
sei lá o que isto é
Já não a via há dois anos(?). Talvez mais. Telefonemas de circunstância:
natal, aniversários e pouco mais.
Está magra e envelhecida. Eu achei.
E as meninas, perguntei eu?
As meninas já são 4, respondeu a M.
Ai sim? Então não disseste nada?
Bem, responde ela, sabes que foi de surpresa.
Que tenho eu a dizer? Nada. Mas fiquei inesperadamente sem palavras.
Ainda não consegui dar o herdeiro que o D. espera- rematou ela.
Como? Diz isso devagar, soletra.
Não conseguiste o quê?
Pois, 4 filhas não correspondem ao ideal do macho/herdeiro...
Ainda estou em estado de choque.
E há para aí quem diga que o machismo é invenção das mulheres.
Pois, está bem.
Falem, falem e não mordam a língua, se faz favor.
13/07/09
11/07/09
10/07/09
09/07/09
pensar as redes sociais ou repensar as relações interpessoais?
Um dia, há alguns largos meses, fui confrontada com uma pergunta que , na altura, me pareceu ridícula: “ Não tens hi5?” “hi5?” Repeti eu.” Para que quero eu um hi5?”.
Bem, no momento nem tinha a noção do que era o hi5, achando que um Messenger, um Skype e o velhinho e.mail eram mais do que suficientes para um novo paradigma das relações interpessoais
Mas estava tão desfasada da realidade que até me senti constrangida.
Proliferam grupos de amizade(s) virtuais, miúdos e miúdas que expõem as suas vidas e se despojam de si memos de forma assustadora, adultos que se dedicam exclusivamente a seduzir e a desejar ser seduzidos, mulheres que procuram companheiros /as de ocasião, homens que buscam a/o parceira /o ideal para uns minutos de prazer(?), predadores que no seu mundo escondido que é este da virtualidade, devoram presas fáceis e muitas vezes inocentes e são devorados por predadores ainda mais potentes.
Há implicitamente um ciclo vicioso e viciado.
Num texto recentemente produzido por um “amigo”, virtual claro está, vi retratado o perfil do predador, perdão do engatatão e, apesar de reconhecer que há uma coerência irrefutável no que escreve, faltam pormenores que são “pormaiores”.
Que perigos corremos todos/as nós nestas redes sociais virtuais,que não estejam presentes nas nossas relações familiares, de pares, de colegas ou até de vizinhança? O predador está aí na nossa casa, na nossa sala, no nosso canto. Ele ou ela é ou pode ser o nosso tio, o nosso pai,o professor, o amigo mais querido entre os amigos. Pode até ser a mãe, a avó ou a amiga da irmã...
E as vítimas? Estão ou não mais vulneráveis no conforto do seu lar, na sala onde ouvem a mãe ou o pai a conversar, na escola onde um grito faria com que todos a ouvissem, mas quase nunca ouvem?
Será que o engate predatório nas redes sociais virtuais é mais premente, constrangedor e/ou assustador do que na vida lá fora?
Não tenho a certeza,mas suspeito que no aconchego de um qualquer lar há mais predadores à solta que não se encaixam nesse perfil que o JPG desenha e muitas vítimas inocentes, inocentes de verdade, que num futuro muito próximo poderão ser os novos predadores.
Quero acreditar que há muito de bom na internet e que podemos ensinar a separar o bom do mau a todas as pessoas. Haja paciência, vontade e tempo.
Ou não é assim?
08/07/09
quis matar saudades, saudades não matei
Era só nosso e alarguei-o com incontida alegria à minha menina.
Passei num local aqui próximo onde, como em tantos lugares por esse país fora, se festeja um santo ou santa qualquer. Não interessa qual era , mas não era o nosso santo.
Mas tinha barracas de farturas, de pão com chouriço, algodão doce e música popular(agora até a música é mais pobre).
Pára, pára ali que eu quero comer uma fartura quentinha com muiiita canela e açúcar!
Espanto generalizado:Farturas? Tu?
Sim, eu, tu e a minha menina tínhamos um ritual e eu hoje quis matar saudades de ti, especialmente de ti que resolveste partir tão cedo da minha vida.
As farturas não tinham o sabor fantástico de então, não havia vinho 3 Marias( foleiro, foleiro, mas que fresquinho sempre me soube a champanhe francês), aliás nem havia nenhum vinho.
Só cerveja, refrigerantes e afins.
Não desisti. Precisava de matar saudades tuas e sentei-me numa improvisada esplanada, pedi 2 farturas quentinhas com muito açúcar e canela e, teve de ser, uma cerveja.
Não foi aquilo que ansiei. Não consegui matar saudades tuas.
Aliás, eu acho que nunca vou conseguir matar as saudades das coisas boas, alegres e impagáveis que fizeste comigo. E mais tarde com a tua neta.
Saudades não se matam, conclui.
E senti ainda mais saudades tuas e de mim, naquele tempo em que ser feliz era tão fácil.
Março 1940-Julho 2002
01/07/09
falta-me a palavra certa
Sei lá que palavra mais se adequa ao que acontece nas relações interpessoais.
Desconsolo também se adequa.
Desencanto tem força.
Desapontamento.
Falta-me a palavra certa, mas o sentimento eu sei qual é.
Sinto-o.
25/06/09
...porque
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não
Sophia de Mello Breyner Andresen
21/06/09
momento "mete nojo" cá do País dançante
o sol, o mar e o cheiro a férias dá a volta ao miolo às/aos melhores...
20/06/09
hoje é dia 20 de Junho de 2009
Hoje celebrou-se, uma vez mais (e eu ansiava que já não fosse necessário!) o mal entendido, odiado até, Orgulho Gay. Não me vou estender em elucubrações sobre o que é o orgulho, emoção social e cultural, nem tão pouco explicar seja o que fôr a quem nunca se interessou em perceber porque razão os homossexuais, lésbicas, bissexuais e transgéneros devem gritar que têm ORGULHO!
Eu tenho orgulho em muitas coisas e faço questão de o dizer, como digo abertamente aquelas de que não me orgulho. Também sei o significado de Humildade e Simplicidade.
Mas, o grau da discriminação de que sou alvo, enquanto mulher, portuguesa, "cientista" do ramo das ciências sociais e humanas, professora ou simplesmente por ser eu, não se conforma na força e impacto que os que têm uma orientação sexual(não hegemónica) diferente da minha sofrem.
Há maior exposição das minorias? Há e ainda bem! Mas, não justifica que se apredeje, insulte, humilhe, estigmatize, condene e/ou provoque danos psicológicos irreversíveis a pessoas só porque se pode(?), se quer, se acredita que a natureza é conforme as nossas crenças e valores.
A natureza é um imenso leque de coisas, entre elas é cruel, disforme, distintiva e bela.
As pessoas são da Natureza e como tal são e existem como naturais, sejam elas homossexuais, lésbicas,transsexuais, bissexuais, heterossexuais, portadoras de deficiência, quase perfeitas, gordas, baixas, altas, bonitas, feias, pretas, amarelas, brancas ou cor de rosa.
Urge que a(s) sociedade(s) em geral compreenda (m) que discriminação é muito mais do que pontos de vista que nos(vos) assistem!
Eu plantei as minhas sementes e já deram alguns frutos, bons, bonitos, apetitosos.
Mesmo com enormes e inesperadas intempéries há sementes que resistem e se transformam em frondosas árvores.
18/06/09
e viva a UE!
15/06/09
Pub institucional
14/06/09
13/06/09
...já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar
Já não fico à espera
Já não fico à espera mais
Já não fico à espera
De ver acender
Essa luz que me quer ofuscar
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem me deslumbrar
Já vejo as limitações
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem enganar
Perdi as ilusões
Conheço as limitações
Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar
Já não fico à espera
Já não fico à espera mais
Já não fico à espera
De ver acender
Essa luz que me quer ofuscar
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem me deslumbrar
Já vejo as limitações
Já vejo com os meus olhos
Já vejo sem enganar
Perdi as ilusões
Conheço as limitações
Já não sou quem era
Meus sonhos não são iguais
Já não sou quem era
A hora é sincera
E eu sinto que me estou a agitar
António Variações
12/06/09
dos santos populares e afins
o estica larica o mangas portuga
Fecha-se em copos e copas
cafés e cachopas trabuca e madruga
galfarro afiambrado pachola arremelgado
de grimpa levantada e garrafal
amigo do amigo farelo e muito umbigo
vestiu-se e veio a pé pró arraial
viva o Santo António viva o São João
viva o dez de Junho e a restauração
viva até São Bento se nos arranjar
muitos feriados para festejar
gosta de armar ao efeito
Baboso e com jeito pra ser bagalhudo
Mas na mulher do carteiro
Já manca o dinheiro alfaces e é tudo
Se ele anda com nerveco grazina dum caneco
Lá vai o lascarino pró granel
E faz as partes gagas fosquinhas de aldiagas
Palrando até fazer grande arranzel
Chorou por causa da seca que a terra ficou viúva
Até correu seca e Meca fartou-se de pedir chuva
A chuva quis-lhe agradar banhou a terra as
culturas
A água deu-lhe pla barba a fome em farturas
Ás vezes já nem petisca
A doença na isca é má pró vistaço
Os vinhos e os jaquinzinhos
São só descaminhos vai dar ao esquinaço
És tu pião das nicas das bocas e das dicas
Que pegas nos calcantes e te vais
Adeus leão dos trouxas chupado das carochas
Que foste no embrulho uma vez mais
Anda pla vida à futrica
o estica larica o mangas portuga
Fecha-se em copos e copas
cafés e cachopas trabuca e madruga
galfarro afiambrado pachola arremelgado
de grimpa levantada e garrafal
amigo do amigo farelo e muito umbigo
vestiu-se e veio a pé pró arraial
viva o Santo António viva o São João
viva o dez de Junho e a restauração
viva até São Bento se nos arranjar
muitos feriados para festejar
gosta de armar ao efeito
Baboso e com jeito pra ser bagalhudo
Mas na mulher do carteiro
Já manca o dinheiro alfaces e é tudo
Se ele anda com nerveco grazina dum caneco
Lá vai o lascarino pró granel
E faz as partes gagas fosquinhas de aldiagas
Palrando até fazer grande arranzel
Chorou por causa da seca que a terra ficou viúva
Até correu seca e Meca fartou-se de pedir chuva
A chuva quis-lhe agradar banhou a terra as
culturas
A água deu-lhe pla barba a fome em farturas
Ás vezes já nem petisca
A doença na isca é má pró vistaço
Os vinhos e os jaquinzinhos
São só descaminhos vai dar ao esquinaço
És tu pião das nicas das bocas e das dicas
Que pegas nos calcantes e te vais
Adeus leão dos trouxas chupado das carochas
Que foste no embrulho uma vez mais
Carlos Paião
10/06/09
09/06/09
...hoje é outono na minha cidade
Li o que o Eduardo Pitta escreveu sobre os eleitos para o Parlamento Europeu.
E também li o que a Fernanda Câncio referencia no Jugular.
Ouvi hoje as notícias e um senhor da Universidade Nova que augura num futuro, talvez próximo(sic), uma crise na e da Europa.
E que farão estes eleitos no Parlamento Europeu?
São contra os ideiais europeus, subjacentes à razão da sua existência, certo?
Mas foram, democraticamente eleitos.
A democracia não é perfeita, acho que já todos/as o sabíamos!
Mas, até hoje é o regime menos imperfeito de entre tantos, ou já não é?
Não sou dada a temores, pessimismos precipitados ou imbuída dum espírito catastrofista, mas assusta-me o que se passa...ou será do outono serôdio que se abateu sobre a minha cidade?
07/06/09
Em dia de eleições convém relembrar
Hoje, 7 de Junho de 2009 muitos e muitas votam pela 1ª vez!
Ouvi, durante estes últimos dias desabafos e desagravos, incongruências e muita desinformação . Jovens que hoje deveriam sentr um prazer, uma excitação, uma emoção de votar comunicaram-me que nem iam "pôr lá os pés"! Porquê? perguntei eu a todos e todas que o afirmaram. Resposta invariável: "porque não vale a pena, porque não sei em quem votar, porque é uma coisa que não me diz nada!"
Tentei que compreendessem a importância do voto e do seu exercício, numa democracia.
Não sei se fui bem sucedida, mas fiz a minha parte, pois ainda recordo com algum tremor a alegria da 1ª vez que pude votar e da imensa alegria de votar em companhia da minha filha, quando foi a 1ª eleição em que ela pode votar.
Há ainda muito trabalho a fazer e vêm aí mais eleições!
E num mundo cada vez mais "globalizado" há Imensas pessoas impedidas de votar e nós, as mulheres, só conquistamos esse direito há pouco tempo.
Pensar a história pode ser um exercício de investimento no futuro.
31/05/09
30/05/09
em época de estio, também a Poesia
Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;
E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
Natália Correia
pintura de Tamara de Lempicka
26/05/09
...um post que é um não post
Mas não tenho tempo!
24/05/09
...da Construção em poema
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado"
Chico Buarque
23/05/09
that's quite a provocation ou apetece-me brincar com a normatividade!
gentilmente roubado ao Jugular(Ana Matos Pires).
21/05/09
19/05/09
17/05/09
...se bem me lembro*
A Joana lançou o desafio e eu, muito afoita, respondi na caixa de comentários do Entre as brumas da Memória.
Enfim...
Então cá vão as 15 séries que recordo com algum carinho, saudade ou qualquer outra coisa:
Os pequenos Vagabundos(lindo)
A Pipi das meias altas(suspiro)
Olho vivo( o que me ria com o meu pai por causa do telefone no sapato!)
O Casarão( a 1ªtelenovela que vi conscientemente e me "revelou" a maravilhosa voz de Elis Regina)
Ficheiros Secretos( às 5ª feiras nem jantava c/ a excitação , eh,eh!)
Os Marretas( ai como eu adorava aquele visgoso e verdusco Cocas, e o cozinheiro sueco, um amor)
Sete palmos de terra( há alguém que tenha visto que não recorde?)
Começar de novo( uma lição sobre educação)
Ally Macbeal( delirio total)
ER(serviço de urgência)
O Tal Canal do Herman( o diário de Marilú :) )
Sherlock Holmes
Mr. Poirot
Saving Grace
Zarabadim, pózinhos de perlim-pim-pim
e ainda ficam muitas que outros/as me fizeram recordar.
Agora, se alguém se sentir entusiasmado, faça o mesmo e repasse a ideia pelo menos a 5 bloggers, tweeteiros ou amigos/as.
* (bis)roubado à Joana Lopes e WOAB.
16/05/09
15/05/09
...uma iniciativa Maravilhosa
Já todos/as vimos e apreciamos um cão ou cadela guia.
Sim, esses seres maravilhosos que ajudam outros seres tão maravilhosos que estão privados de um dos seus sentidos:a visão.
Pois, mas sabem que um cão/cadela-guia demora cerca de 2 anos a treinar, que há um número infímo de pessoas e escolas, em Portugal, habilitadas a fazê-lo? E que há inúmeras pessoas que sonham e precisam ter um? E que são gratuitos, mas podem deixar de o ser porque nunca há dinheiro(haver há, mas quem o distribue "engana-se" ao distribui-lo!)? E conseguem perceber a importância que é, para uma pessoa portadora desta deficiência, ter um/a companheiro/a que seja os seus olhos?
Pois, vamos apoiar uma campanha?
"Os meus olhos têm quatro patas!"
Faça do Poppy uma causa sua!
14/05/09
e há dias maus que acabam por ser bons!
Hoje, alegro-me e saúdo a Isabela porque criou um Novo Mundo!
Seja(re) bemvinda!
* foi a WOAB que, qual passarinho, me sussurou a boa nova!
...momentos de glória( vã, mas ainda assim glória) ou o tipo passou-se!
Então não é que ainda há pessoas, inteligentes neste caso, que se dão ao trabalho de eleger o meu micro, pseudo, um dizem que espécie de, blog?
Ai, não sei se o meu coração aguenta.
Vejam lá bem o galardão.
É de arrepiar!
13/05/09
...poeta(r)
As mãos pressentem...
As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar
ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada
Al Berto
10/05/09
09/05/09
...poetas e poesia(s)
não durmo: perco-me no sono acordado,
sem ar sufoco no cansaço, acordado.
Durmo sem sono, o sono desesperado
Sonho e não durmo, acordo e não sonho,
ao acordar durmo, ao sonhar esqueço.
Esqueço o sono e dorme o sono que mereço.
Não durmo: sonho o sono que me sonho.
Vivo sem acordar. Não durmo, adormeço
o sonho, o sono, dormindo sem sonho
o sonho que me adormece acordado.
Por fim morro sonhando com o sono,
vou morrendo, dormindo, vidrado,
sem saber do sono, o meu sonho:
o sonho que sempre tive acordado."
Luís Filipe Sarmento, in “Tinturas Alquímicas” 1995.
07/05/09
...isto é amor
Despedi-me do sempre
de manhã
Em Julho
Tempestade escarlate de Verão
A dormir o sonho de não haver aurora
forçando a casa a abrir-se ao luzidio desenho da faca
A porta pequena, contra o centro da terra,
e eu entrando ou saindo a rasar o não,
Minha mãe arquitectura de dores guarda ainda
no lugar do colo um sorriso de cinzas, um domingo.
Eu tantas vezes enferma,
entranhas de maré cheia
Meu sangue fervura de morte,
doente da doença de sorver
Farei em breve uma greve de boca.
Marta Bernardes
05/05/09
dos contributos da rtp para o meu sucesso maternal
Tremias sempre que o palhaço se despedia e agarravas-me a mão.
Mas, vias vezes sem conta, e sabias de cor as conversas do sr.Livro, da Galinha, da bailarina , do João e da Joana e as cassetes enormes VHS?
Acho que foi ontem que me chamaste: "anda pá qui, vem ver comigo.Senta, senta"
03/05/09
...não há Dia da Mãe. Há Mães e todos os dias. E nem sempre!
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me?
-Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite.
Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade
01/05/09
...das capas negras ao impúdico sexismo
Mudam-se os Tempos...
Porque hoje é 1º de Maio e a mudança não se deu em pleno!
Hoje, muitos/muitas não têm trabalho, nem salários, nem confiança, nem vêem a mudança que Abril prometeu.
Mas se todos trocarmos as voltas ao Mundo, talvez o Mundo se torne num lugar mais limpído, equalitário, menos injusto.
Vale a pena tentar!
29/04/09
Apelo às/aos navegantes!
Divulguem-no, se possível.
É através do trabalho de tantas/os que o mundo
se pode tornar um pouco mais "perfeito".
Grata!
27/04/09
...da grandeza dos poetas em português
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny in "Pena Capital"
26/04/09
25/04/09
...um mimo a quem viveu este dia pleno de esperança(s)
a ti A. que te comoves com a pureza de uma criança!
...cantata por Abril!
Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.
Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.
Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.
Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.
Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.
Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.
Não tinham armas é certo
mas tinham toda a razão
quando um homem morre perto
tem de haver distanciação
uma pistola guardada
nas dobras da sua opção
uma bala disparada
contra a sua própria mão
e uma força perseguida
que na escolha do mais forte
faz com que a força da vida
seja maior do que a morte.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
Posta a semente do cravo
começou a floração
do capitão ao soldado
do soldado ao capitão.
Foi então que o povo armado
percebeu qual a razão
porque o povo despojado
lhe punha as armas na mão.
Pois também ele humilhado
em sua própria grandeza
era soldado forçado
contra a pátria portuguesa.
Era preso e exilado
e no seu próprio país
muitas vezes estrangulado
pelos generais senis.
Capitão que não comanda
não pode ficar calado
é o povo que lhe manda
ser capitão revoltado
é o povo que lhe diz
que não ceda e não hesite
– pode nascer um país
do ventre duma chaimite.
Porque a força bem empregue
contra a posição contrária
nunca oprime nem persegue
– é força revolucionária!
Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.
Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena.
E então por vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
desceram homens sem medo
marujos soldados «páras»
que não queriam o degredo
dum povo que se separa.
E chegaram à cidade
onde os monstros se acoitavam
era a hora da verdade
para as hienas que mandavam
a hora da claridade
para os sóis que despontavam
e a hora da vontade
para os homens que lutavam.
Em idas vindas esperas
encontros esquinas e praças
não se pouparam as feras
arrancaram-se as mordaças
e o povo saiu à rua
com sete pedras na mão
e uma pedra de lua
no lugar do coração.
Dizia soldado amigo
meu camarada e irmão
este povo está contigo
nascemos do mesmo chão
trazemos a mesma chama
temos a mesma ração
dormimos na mesma cama
comendo do mesmo pão.
Camarada e meu amigo
soldadinho ou capitão
este povo está contigo
a malta dá-te razão.
Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer a crescer
que das espingardas fez livros
para aprendermos a ler
que dos canhões fez enxadas
para lavrarmos a terra
e das balas disparadas
apenas o fim da guerra.
Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril f
ez Portugal renascer.
E em Lisboa capital
dos novos mestres de Aviz
o povo de Portugal
deu o poder a quem quis.
Mesmo que tenha passado
às vezes por mãos estranhas
o poder que ali foi dado
saiu das nossas entranhas.
Saiu das vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
onde um povo se curvava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe.
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu.
Essas portas que em Caxias
se escancararam de vez
essas janelas vazias
que se encheram outra vez
e essas celas tão frias
tão cheias de sordidez
que espreitavam como espias
todo o povo português.
Agora que já floriu
a esperança na nossa terra
as portas que Abril abriu
nunca mais ninguém as cerra.
Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.
Quando o povo desfilou
nas ruas em procissão
de novo se processou
a própria revolução.
Mas eram olhos as balas
abraços punhais e lanças
enamoradas as alas
dos soldados e crianças.
E o grito que foi ouvido
tantas vezes repetido
dizia que o povo unido
jamais seria vencido.
Contra tudo o que era velho
levantado como um punho
em Maio surgiu vermelho
o cravo do mês de Junho.
E então operários mineiros
pescadores e ganhões
marçanos e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
souberam que o seu dinheiro
era presa dos patrões.
A seu lado também estavam
jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam
a fome com que apertavam
os cintos dos que os ouviam.
Porém cantar é ternura
escrever constrói liberdade
e não há coisa mais pura
do que dizer a verdade.
E uns e outros irmanados
na mesma luta de ideais
ambos sectores explorados
ficaram partes iguais.
Entanto não descansavam
entre pragas e perjúrios
agulhas que se espetavam
silêncios boatos murmúrios
risinhos que se calavam
palácios contra tugúrios
fortunas que levantavam
promessas de maus augúrios
os que em vida se enterravam
por serem falsos e espúrios
maiorais da minoria
que diziam silenciosa
e que em silêncio fazia
a coisa mais horrorosa:
minar como um sinapismo
e com ordenados régios
o alvor do socialismo
e o fim dos privilégios.
Foi então se bem vos lembro
que sucedeu a vindima
quando pisámos Setembro
a verdade veio acima.
E foi um mosto tão forte
que sabia tanto a Abril
que nem o medo da morte
nos fez voltar ao redil.
Ali ficámos de pé
juntos soldados e povo
para mostrarmos como é
que se faz um país novo.
Ali dissemos não passa!
E a reacção não passou.
Quem já viveu a desgraça
odeia a quem desgraçou.
Foi a força do Outono
mais forte que a Primavera
que trouxe os homens sem dono
de que o povo estava à espera.
Foi a força dos mineiros
pescadores e ganhões
operários e carpinteiros
empregados dos balcões
mulheres a dias pedreiros
reformados sem pensões
dactilógrafos carteiros
e outras muitas profissões
que deu o poder cimeiro
a quem não queria patrões.
Desde esse dia em que todos
nós repartimos o pão
é que acabaram os bodos
— cumpriu-se a revolução.
Porém em quintas vivendas
palácios e palacetes
os generais com prebendas
caciques e cacetetes
os que montavam cavalos
para caçarem veados
os que davam dois estalos
na cara dos empregados
os que tinham bons amigos
no consórcio dos sabões
e coçavam os umbigos
como quem coça os galões
os generais subalternos
que aceitavam os patrões
os generais inimigos
os generais garanhões
teciam teias de aranha
e eram mais camaleões
que a lombriga que se amanha
com os próprios cagalhões.
Com generais desta apanha
já não há revoluções.
Por isso o onze de Março
foi um baile de Tartufos
uma alternância de terços
entre ricaços e bufos.
E tivemos de pagar
com o sangue de um soldado
o preço de já não estar
Portugal suicidado.
Fugiram como cobardes
e para terras de Espanha
os que faziam alardes
dos combates em campanha.
E aqui ficaram de pé
capitães de pedra e cal
os homens que na Guiné
aprenderam Portugal.
Os tais homens que sentiram
que um animal racional
opõe àqueles que o firam
consciência nacional.
Os tais homens que souberam
fazer a revolução
porque na guerra entenderam
o que era a libertação.
Os que viram claramente
e com os cinco sentidos
morrer tanta tanta gente
que todos ficaram vivos.
Os tais homens feitos de aço
temperado com a tristeza
que envolveram num abraço
toda a história portuguesa.
Essa história tão bonita
e depois tão maltratada
por quem herdou a desdita
da história colonizada.
Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo
nos poemas de Camões!
Havia sim a lonjura
e uma vela desfraldada
para levar a ternura
à distância imaginada.
Foi este lado da história
que os capitães descobriram
que ficará na memória
das naus que de Abril partiram
das naves que transportaram
o nosso abraço profundo
aos povos que agora deram
novos países ao mundo.
Por saberem como é
ficaram de pedra e cal
capitães que na Guiné
descobriram Portugal.
E em sua pátria fizeram
o que deviam fazer:
ao seu povo devolveram
o que o povo tinha a haver:
Bancos seguros petróleos
que ficarão a render
ao invés dos monopólios
para o trabalho crescer.
Guindastes portos navios
e outras coisas para erguer
antenas centrais e fios
dum país que vai nascer.
Mesmo que seja com frio
é preciso é aquecer
pensar que somos um rio
que vai dar onde quiser
pensar que somos um mar
que nunca mais tem fronteiras
e havemos de navegar
de muitíssimas maneiras.
No Minho com pés de linho
no Alentejo com pão
no Ribatejo com vinho
na Beira com requeijão
e trocando agora as voltas
ao vira da produção
no Alentejo bolotas
no Algarve maçapão
vindimas no Alto Douro
tomates em Azeitão
azeite da cor do ouro
que é verde ao pé do Fundão
e fica amarelo puro
nos campos do Baleizão.
Quando a terra for do povo
o povo deita-lhe a mão!
É isto a reforma agrária
em sua própria expressão:
a maneira mais primária
de que nós temos um quinhão
da semente proletária
da nossa revolução.
Quem a fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!
Ary dos Santos
Lisboa, 1975
22/04/09
Quand on n'a que l'amour...
Hoje acordei e sonhei acordada.
tinha menos 25 anos e uma bebé.
Linda!
Ofereceram-me uma tartaruga. do rio, disseram.
Fifi foi nome que fez sorrir a minha bebé. Fifi ficou.
Hoje acordei e chorei acordada.
A Fifi chegou ao fim.
Sempre iludi o meu quotidiano com a, vã, esperança, que ela me sobreviveria.
Descanse em paz, como viveu cheia de mimos.
Haverá um "céu" só para tartarugas?
Mais uma despedida.
Abomino despedidas!
19/04/09
...da poesia e amor aos poetas, em português
Amo o mar
porque não tem fim
e os vagabundos que não têm pilim
Mas pelo meio das formas
e das aparências sem fundo
parecendo que amo o mundo
amo-me sobretudo a mim
Talvez venha a querer ao mar
ou vagamente a um vagabundo
talvez os ame no fundo
Mas no rodar infindo
daquilo que não tem fim
quero-me principalmente a mim
Ao resto das formas
e das aparências do mundo
amo só assim-assim´
João Habitualmente, in "Os Animais Antigos"
17/04/09
16/04/09
...e dizem que "isto" é uma música de intervenção
fica aqui o repto:
quem considerar que isto é intervenção mal cantada vota Sim
quem achar que isto é má intervenção bem cantada vota Nim
quem tiver sensibilidade e achar que isto é uma valente porcaria, desde a voz do não vocalista de serviço, até à vulgaridade da letra, não esquecendo a mensagem(?) vota assim: CONCORDO!
15/04/09
1/2 pensão e Publicidade Caseira
O projecto está nos cafés a partir de amanhã.
Apareça.
Divulgue.
Disfrute!
O cartaz vem já a seguir.
14/04/09
13/04/09
gostar dos outros ou como saber pensar é filosofia!
11/04/09
...aviso aos/às navegantes!
10/04/09
em tempo de melancolias...
aqui pode-se partilhar músicas, sem ipod, nem explicações que os tontos não entendem...
edição especial para don Antolin, a trabalhar num dia feriado.
Tadito!
09/04/09
...Língua gestual
Não sabe ? Não faz mal!
O Professor ensina!
Parabéns pelo seu trabalho!
07/04/09
06/04/09
...da crise e obscenidades
uma empresa, de Guimarães,que soube com criatividade enfrentar a crise.(?)
Há milhões de pessoas sem tecto, sem comida, sem tratamento médico.
Há catástrofes naturais que destróem os sonhos de tantos/as!
Há animais estropiados e abandonados a cada minuto que passa.
Há quem queira viver e não consegue nem sobreviver!
...e há mercado para
Vejam bem como e digam-me se isto não é OBSCENIDADE PURA!
05/04/09
04/04/09
03/04/09
...da necessidade imperativa de MUDANÇA!
29/03/09
27/03/09
...ah! o Teatro!
Era uma miúda de 16 anos.
Vivia empoleirada numa sabedoria temporã...
A primeira peça de teatro que vi, para além das teatrices encenadas no colégio, foi no TEP(António Pedro na altura).
Sala cheia, malta muito mais velha! Um quase extâse...
Namorava e achava-me uma Simone de Beauvoir em miniatura.
Maria do Céu Guerra! Ah! que emoção...
Ainda hoje, passados tantos anos , com uma filha desse namorado que assistiu ao meu encantamento e se tornou no meu 1º marido, ouço a voz forte da Maria do Céu Guerra.
Uma voz que me parecia de deusas!
..."João???? o dia já raiou!!"
"É menino ou menina?"
Estranha forma de seleccionarmos memórias...
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Raríssimas...sabe o que é?
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